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Imagem: CP /Memória
O Monumental Hélio Dourado. Erguido aos céus pelos braços do povo tricolor.
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O mês de Agosto iniciou com a lastimável
notícia da perda do grandioso Hélio Volkmer Dourado: vencedor dentro e fora das
quatro linhas. Referência máxima de gremismo pelos inúmeros serviços prestados
ao clube. Devotado e fervoroso dirigente. Ousado, desafiador, idealista. Foi o
homem que comandou a retomada da hegemonia estadual, fazendo frente ao poderoso
time colorado da década de setenta, no emblemático e inesquecível ano de 1977.
Esta conquista - no calendário de superações da rica trajetória tricolor - marca
o salto simbólico (e bem-sucedido, o glorioso André Catimba que o diga...) para
todos os demais triunfos. Rompendo divisas e fronteiras através do Brasil, da
América e do Mundo. Erguendo e festejando troféus. O velho e valoroso dirigente
foi o precursor da liberdade, tingindo outros mapas com as nossas cores e
bravura. O que anunciou,desde cedo, que nossas façanhas serviriam de modelo a
toda terra.
Dourado era defensor nato e dedicado do
azul, do preto e do branco. Porém, não fazia propaganda do seu incomparável
gremismo e, muito menos, vivia de apelos midiáticos. Tampouco usufruiu de
benefícios que comumente se valem os dirigentes dos clubes. Não se promovia,
buscava –unicamente- o sucesso e o progresso do Grêmio. É de sua autoria a
marcante e definitiva frase: “não devemos nos servir do Grêmio e sim servir ao
Grêmio”. Contudo, mais além do que belas palavras, o filho da Dona Dagmar
(sócio tricolor desde os 11 anos de idade) exercitava e projetava sua imensa
paixão por meio de ações.
Obstinado pela ampliação e modernização
da casa gremista (dando sequência ao trabalho do visionário e fabuloso
presidente Saturnino Vanzelotti, outro expoente luminoso na galeria dos
ex-presidentes) protagonizou a maior mobilização popular da história gremista
com a campanha do cimento (que arrecadou inúmeros materiais de construção). Visitando
157 municípios no Estado, congregando gremistas de SC, PR e de outros rincões. Movimento
que, apostando na força da coletividade tricolor, congregou milhares de
apoiadores e nos trouxe o Monumental. Episódio merecedor da placa que, num dos
acessos do Olímpico, resumia emotivamente o feito: “é preciso ser gremista para
entender esta força, esta motivação, este impulso que leva um torcedor a erguer
um estádio”.
Não por acaso, lutou coerentemente
(infelizmente criticado e ridicularizado por gremistas que hoje, na sua ausência,
se veem obrigados a tecer elogios) pela manutenção de nossa raiz no saudoso e cantado Bairro da Azenha. Pretendia a reforma da estrutura, não o seu abandono e destruição.
E, ao erguer a voz (impulsionado somente pelo desejo da soberania do clube,
respeito ao torcedor e preservação da história da instituição) apresentou
argumentos, propostas e projeto. Da mesma forma alertou sobre os termos do
contrato para parceria / construção da Arena o que, não demorou muito tempo, comprovou-se
verdadeiro. Em 2015, na celebração de mais um aniversário do Grêmio, não deixou
de visitar a nova cancha reconhecendo sua imponência.
Dourado era exemplar na sua abnegação.
Como bem lembrado por gremistas, nas redes sociais, foi o único dos ex-presidentes
a não apoiar Flávio Obino e o único que se dispôs a colaborar quando do caos. No nebuloso ano de 2004 (segundo rebaixamento) meteu à cara a tapa numa gestão já
desastrosa e desmoralizada. Desconforme e triste com o momento, não hesitou em aceitar ser
vice-presidente de futebol quando outros –apesar do verbo – não se fizeram
presentes. Dourado, mesmo sendo aparentemente conservador em vários aspectos da
sua personalidade, foi vanguarda ao aceitar (em plena ditadura militar, época
de rígido controle e repressão) o pluralismo, a diversidade. Incentivando a tolerância e o respeito com o
acolhimento da Coligay.
Foi o proponente do futebol gratuito
para toda piazada. Entendendo, perfeitamente, que os vínculos com a camiseta se
criam e fortalecem frequentando os estádios. Alí, nos alambrados, nas
arquibancadas. E que a cancha é para estar cheia: de gente, de alento, de
entusiasmo. Repleta de paixão. Especialmente num clube de massas é preciso
facultar o acesso para todos e todas. E Dourado (como poucos) enxergava, entendia, e integrava
esta imensa força que emana do povo gremista. A dimensão de Hélio Dourado não
cabe em nenhuma das muitas e merecidas homenagens recebidas em vida e sequer nas vindouras.
Afinal, sabemos, o seu reluzente legado é Monumental...