segunda-feira, 30 de junho de 2014

¿QUÉ SIGNIFICÓ PARA USTED ESTE MUNDIAL?



A pergunta do repórter dirigida ao veterano morador da chácara de Rincón del Cerro foi no calor da indignação pública que assolou e assola a República Oriental. Diante da medida estapafúrdia, cretina, de uma sanção jamais vista nos meios esportivos e que atingiu a principal figura do selecionado Charrua. Esparramando os estilhaços da exagerada e fulminante retaliação pelo território do  pequeno grande país. Ferindo a gente  celeste e gerando repulsa ao redor do planeta bola. Ao menos nos que se enojam com a  podridão que tem comandado às ações no futebol globalizado, profissionalizado - mais do que nunca - nas suas negociatas. E a cada grande torneio  cheira pior (novidade?) o fétido lodaçal. Por obra, graça e fina maestria da poderosa camarilha de Blatter e Cia. que sabe como ninguém quais são as verdadeiras regras do jogo, sem nenhuma espécie de "fair play" nos bastidores. Condução bandoleira apoiada a peso de ouro por seus sócios e cúmplices nas Confederações espalhadas pelo mundo afora. Cuja correia de transmissão da sujeira passa por entidades nacionais parasitárias, cartolagem corrupta em várias esferas, clubes omissos e complacência das estruturas investigativas e jurídicas  que deveriam fiscalizar, acionar, julgar e condenar as escancaradas e afrontosas ilegalidades.

A respeito do fato em si, uma considerável corrente politicamente correta e  onipresente apressou-se (alguns, na sequência, adequando ou remendando a posição exposta nas redes sociais - na onda do que é dito e, principalmente, aceito na mídia oficialista - afinal, nem estes foram capazes de sustentar o absurdo punitivo) em louvar a sentença. Execrando a L. Suárez, só faltando propugnar o comparecimento de um pelotão de fuzilamento. Como se a questão central fosse o destempero do jogador e não os mandos e desmandos da FIFA e seu recorrente festival de arbitrariedades. Palmas também a esta claque, já que  o avante foi deportado praticamente na condição de criminoso.Pois o cidadão José Mujica, aquele mesmo das polêmicas corriqueiras e do simpático fusca azul, de jeito bonachão e ,não raro, desastradamente espontâneo, não se furtou de responder ao periodista. De certo modo se arrependendo, se redimindo das palavras de boa acolhida (embora, vamos descontar, protocolares) ao esperto suiço, no ano de  2012, quando este visitou o Uruguay. Hoje é difícil prever se, aos uruguaios, tentar realizar a competição prevista para 2030 (juntamente com Argentina, em celebração aos 100 anos da primeira Copa do Mundo) continuará a ser desejo de uma boa parte da população. O relógio do tempo ainda aponta razoável distância e conspira a favor do esquecimento deste e de tantos outros episódios de imposição autoritária. Porém, o que é rigorosamente certo é o seguinte: todos e todas no vizinho e aguerrido país, sem exceção, hoje assinam embaixo do  pronunciado. E, diga-se de passagem, sem tapar a boca, sem constrangimentos. Resta o nosso pedido de licença ao modesto torcedor do Club  Atlético Cerro de Montevideo para ,chulamente, também  nos somarmos para firmar a sentença ..."Que en la FIFA son una manga de viejos hijos de puta". Tens toda razão Viejo Pepe, tens toda razão ...

@JorgeBettiol