quinta-feira, 24 de março de 2016

JOHAN CRUYFF


Crédito Imagem:AP

No exercício do ofício. Diante de um  valoroso oponente Charrua (este sim, legítimo representante das nossas crenças), o capitão do genial Carrossel Holandês faz a pelota rodar.  


Houve, certa vez,uma "revolução laranja" nas quatro linhas. E tal radical mudança de conceitos e práticas surpreendeu o mundo. Através das ideias de Rinus Michels e das chuteiras de um talentoso meio-campista, os holandeses do Ajax de Amsterdam - na última metade dos anos sessenta e início dos anos setenta - foram os embriões desta inovação. Maestro nas quatro linhas, exímio condutor da concepção de "futebol total", Johan Cruyff fez toda diferença. Habilidoso, cerebral, não tardou para se destacar na seleção holandesa. Firmando, definitivamente, um  marco histórico futeboleiro através da icônica "laranja mecânica". Inesquecível equipe, metódica engrenagem, que agregava craques do porte de um Neeskens, Rensenbrink, entre outros diferenciados. Verdade que, no primeiro momento decisivo, sucumbiram. E justo diante de uma pragmática Alemanha. Capitaneada pelo Kaiser Franz Beckembauer e recheada de grandes nomes. Outro timaço. Igual, mesmo sem troféus, o encantamento (de amplos setores) com o selecionado que não triunfou na final da distante Copa de 1974, permanece intacto até os dias de hoje ... 

Por ironia, o melhor jogador holandês de todos os tempos (possivelmente, também, o melhor dentre os europeu) veio a falecer na data de recordação dos 40 anos ("MEMORIA,VERDAD, JUSTICIA") do último golpe civil e militar na Argentina. Em 1978 os genocidas -que derrubaram um governo constitucional dois anos antes- lustraram seus uniformes manchados pelo sangue do próprio povo argentino para (com as bençãos de João Havelânge e da FIFA) recepcionar delegações. O evento do Mundial traria distração interna,simpatia externa e, logicamente,serviria de cortina de fumaça para as atrocidades.Alguns países ameaçaram boicotar,o que não se confirmou. 


Contudo, figuras do porte de um Paul Breitner manifestaram seu desagrado e, efetivamente, não desembarcaram em Buenos Aires. Outro ausente, foi Cruyff. Durante muito tempo se supôs que sua atitude foi por conta  - exclusivamente - do repúdio as violações dos direitos humanos no vizinho do prata. Posteriormente, o próprio camisa 14 desnudou razões particulares (teria sofrido uma tentativa de sequestro um ano antes) e a imprensa tratou de especular outros tantos motivos. Entretanto, é fato que Cruyff tinha consciência do que se passava no Cone Sul. E uma opinião contrária, contundente,aos regimes de exceção. Tanto que os companheiros de equipe que foram ao Mundial (e isto é pouco divulgado por estas bandas...),após novamente não lograrem êxito contra os donos da casa numa final,dirigiram-se imediatamente ao vestiário.Tinham um acordo. Em caso de vitória não receberiam o troféu dos comandantes, torturadores e responsáveis pelos desaparecimentos.Tampouco aceitariam receber as medalhas,na hipótese de vice-campeonato,e apertar as mãos do General Jorge Videla e da junta militar.Mais: na véspera da decisão,o time tulipa reuniu-se com as combativas (e tive a honra de conhece-las, na sede da capital portenha, em outra época,outras jornadas...) Madres de La Plaza de Mayo. 


O definido pelo plantel - muito em função das posturas políticas de Cruyff , sua influência - foi cumprido. Eis um sujeito que, por todas as polêmicas nas quais se envolveu,fez história.Teve atitudes.Dentro e fora das canchas. 


Merece toda reverência...         

terça-feira, 8 de março de 2016

E QUANTA HONRA SENTIMOS ...

Crédito Imagem: Reuters 

Na Argentina, Brasil, Uruguai. Pelo Continente e Planeta. Eis as mulheres, destemidas e inigualáveis na sua bravura e no espírito de luta. A qualquer tempo, a toda parte. Ventre e vanguarda da humanidade. Avançando e superando obstáculos. Derrubando preconceitos. Sendo, cada vez mais, protagonistas neste mundo ainda impregnado de anacrônico machismo. Construindo uma nova época, edificando uma nova Cultura. Alicerçada na liberdade, nos compromissos coletivos e no mais profundo respeito a diversidade e ao pluralismo. Mães, irmãs, filhas, amigas, companheiras, parceiras, guerreiras. Corajosas. Exemplares.
Prossegue a batalha. A cada amanhecer. A cada final de jornada.
Por Direitos. Pela Vida.
E quanta honra sentimos. E quanta gratidão e reconhecimento devemos ...
Adiante ! Estamos juntos ...