quarta-feira, 27 de maio de 2015

sábado, 2 de maio de 2015

A DAR A VOLTA ! PELA RETOMADA ...

Arte: Impactus

Tenho um pôster (destes de papel jornal) da última equipe campeã do GRÊMIO. Colocado no quadro mural de cortiça na repartição onde trabalho. O afixei, auxiliado por percevejos de metal, da forma mais alinhada possível. Foi na manhã de 03/05, ainda rouco pelo descontrole na cancha. Logo após o domingo no qual o rival resolveu colocar água no chopp do nosso tricolor. Derrota que, obviamente, não impediu o trago, a cantoria e a taça erguida para felicidade da massa que estava no eterno e saudoso Monumental. O título era nosso! Afinal, uma semana antes, debaixo de muita chuva na constantemente encharcada região da  Padre Cacique, celebramos uma vitória maiúscula e incontestável sobre Pato Abbondanzieri e os demais comandados de Fossati. 


O tempo passou. Meia década (de tantas mudanças pela aldeia e pelo globo) transcorreu e a referência impressa de uma conquista - solitária no painel - permaneceu sendo a foto daquele time do Silas. Está ali. Dividindo espaço com avisos, listas de telefones, endereços e calendários. E chama atenção o seguinte: mesmo após infindáveis 1825 dias a qualidade do que não deveria muito durar permanece inalterada. A textura, as cores, nada sofreu modificação. Verdade que um jornal pode até permanecer intacto – dadas certas condições - por décadas. Mas ali, mesmo com toda umidade e ação corrosiva de algumas bactérias, a tal rigidez das células vegetais resiste bravamente! E sequer amarelou nas bordas ...


Esta durabilidade referida bem que poderia servir de emblema do fanatismo e da fidelidade da Nação Gremista. Pois, mesmo nos períodos de escassez de vitórias, secura de pódios e ausência de títulos, jamais abandonou o clube. Tive uma infância na qual – antes da desforra e do salto (i)mortal do André Catimba (que lá do alto, aposto, conseguiu enxergar o Estádio Nacional de Tóquio antes de se estatelar no gramado do Olímpico) – convivíamos com a supremacia e a notória soberba do rival. Não ganhávamos rigorosamente nada e, nem por isto, deixávamos de trajar com orgulho a camiseta. A minha tinha um escudo de plástico comprado avulsamente e costurado – generosamente - no âmbito doméstico (mais tarde foi substituído, no mesmo manto/pano, por um distintivo bordado). Ser do GRÊMIO sempre foi à grande alegria e as três cores, aliada e solidez da nossa gente, é o que bastava. A falta de faixas nunca foi impeditivo para afirmarmos – exatamente com ainda mais altivez – o genuíno sentimento e o apoio integral.

 

                                                                         Imagem: Youtube (Canal Grêmio F.)

Se houvesse uma vitória ? Melhor, lógico. Somaria na trincheira de resistência do gremismo. Especialmente triunfar no clássico. Eis que, antes mesmo de pisar numa cancha ( no distante ano de 1975), um  certo José Márcio Pereira da Silva - com seu cabelo Black Power - nos brindou com uma alegria indescritível: destroçou o coirmão num memorável Grenal na beira do lago Guaíba. Transformando-se no assunto preferencial nas rodas de conversa futebolísticas. Nos bares, nas esquinas, na vizinhança... Zequinha, goleador e carrasco. O suficiente para virar ídolo do então pia que, passado tanto tempo, agora rabisca estas linhas... 


Naquele ano no qual o Pink Floyd, The Who, Eric Clapton lançaram novos trabalhos, de independência das colônias portuguesas na África, de efervescência dos Panteras Negras, fim da guerra do Vietnã e do covarde assassinato do Vladimir Herzog nos porões da ditadura militar, o acréscimo na imensa satisfação de optar pelo azul, preto e branco chamava-se Zequinha e atuava na ponta-direita. No final, não vencemos a competição... E,se algum jogador nosso choramingava nas entrevistas, o fato é que a torcida seguia firme, inabalável, nas arquibancadas. 


Logo em seguida, por esta força que emana do torcedor e pela própria essência do clube, revertemos. Naquele inesquecível, emblemático, 25 de setembro de 1977. No qual André Catimba, mesmo se estatelando no gramado, saltou para a história. E não demorou para vibrarmos no próprio Beira-Rio! Guris e faceiros - na companhia dos amigos de crença tricolor - vendo o Vantuir erguer o Troféu diante dos nossos olhos. A satisfação de celebrar na casa deles, junto a milhares de gremistas, no ano de 1980. Perdemos outros campeonatos, ganhamos novamente... E até de casquinha levamos por lá (mais uma vez presentes) com o Pedro Jr., em 2006. Ficando o estádio todo, enquanto os locais se retiravam, a disposição para os festejos do tricolor...


Neste domingo, que exalta e lembra um Morumbi calado na primeira glória nacional, rumaremos para outra finaleira regional. Convictos, passadas tantas jornadas, de que nenhum resultado ou época profanam o que nos toca. A exemplo da vida e dos amores que nela surgem –mesmo nas dificuldades – o que é absoluto e autêntico permanece intacto. Somos da vertente que abona incessantemente esta camiseta. A morrer. E, portanto, acreditamos nos que estarão  representando o GRÊMIO. Confiantes na história de superações deste clube mosqueteiro e de massas. Ao lado. Prontos - nunca é demais repetir -para o que der e vier. Seguros que é o momento de recuperarmos a hegemonia. É o momento de se fazer justiça aos que estão trabalhando e tanto incomodam o ressentimento midiático e a velha amargura. É o momento de retribuir o apoio incondicional desta multidão apaixonada. É hora de dar a volta. Vamos !!!

 @JorgeBettiol