domingo, 18 de agosto de 2013

"O INVENTOR DA RETRANCA QUE GOLEIA" ...




A vitória foi repleta de méritos. O Grêmio firmado no campo de jogo na formatação de seu técnico “motivador” teve a esperada solidez defensiva, congestionou a meia cancha, ocupou as laterais e anulou o adversário notadamente na primeira etapa. E, sem cerimônia, colocou a esférica para rolar no encharcado campo das ações buscando, desde os primeiros instantes e de maneira organizada, um terceiro triunfo consecutivo. Jogando para frente, colocando em prática a concepção demonstrada nos embates anteriores. Não por acaso foi premiado na largada por esta determinação. Hernan Barcos, confiante, postado na proa da embarcação (quase a exemplo do gol do descarrego contra os mineiros na ARENA), no local mais indicado para um capitão tomar de assalto a cidadela dos oponentes fez o primeiro. Os locais se resumiram a uma conclusão errada e tiveram a sorte da infelicidade de Alex Telles na falta cobrada por Juninho. Ramiro, mirando o alvo, consciente e com arremate digno dos canhoneiros que miravam as naus lusitanas nas batalhas navais, estufou as redes e fez toda justiça antes mesmo do intervalo. Nos primeiros movimentos da segunda etapa, o contestado corsário gremista antecipou o fim: recebeu a bombordo, de costas, no peito, livrou-se de dois, passou lotado por um terceiro e mandou a bomba rasteira, cruzada, no canto. Outra bucha, outro tento para regozijo da Nação Tricolor. Ganhamos, sabedores do quanto ainda por resolver, do quanto ainda por consolidar. Que siga a peleja, neste passo a passo.



Portaluppi, na entrevista coletiva, reiterando sua máxima de “esquema bom é o que ganha jogo” e destacando a confiança como elemento agregador e balizador da sequência positiva, mandou seu recado: citou seus anos de trabalho no futebol, fez menção aos que chegam de paraquedas com seu festival de críticas e que não perderia tempo discutindo. Os amargos de plantão, dissimulados, fizeram de conta que não entenderam ou simplesmente ignoraram tal manifestação. Os mais oportunistas, contudo, ao sabor dos acontecimentos e ao final da jornada reconheciam virtudes no comandante gremista, sendo o mesmo elevado a condição de “o inventor da retranca que goleia”. Logicamente aguardando nas ruas e redações algum revés para destilarem todo seu rancor, todo seu ódio as coisas do Grêmio e o enorme temor de que este grupo, este time, siga engrenando. São os mesmos indivíduos desprezíveis, sonsos da mídia esportiva, que ao término da quinta rodada sem vitória do rival (alojado, agora, no Vale do Sinos) sentenciavam  - caseiramente - nos microfones que a torcida do coirmão vaiava e protestava unicamente contra o árbitro. Ok. Uma vez comédias, sempre comédia.



As partidas no campo de São Januário nunca constituíram desafio fácil para o amado tricolor. No histórico dos confrontos, contabilizamos na bendita noite do último sábado a terceira vitória na Colina. Verdade que levamos com tranquilidade a dianteira sobre os cruzmaltinos nas estatísticas gerais e, nas disputas dentro da Pátria Sulista uma ampla vantagem. A histórica cancha da zona norte carioca tem respeitáveis 86 anos e foi palco de momentos políticos significativos, do porte do anúncio das leis trabalhistas do gaúcho Getúlio Vargas. Até a inauguração do extraordinário estádio Centenário, na bela Montevideo, foi o maior da América do Sul. A curiosidade da construção reside na nobre motivação de responder a um ato de exclusão promovido pelos demais clubes da cidade. Estes fundaram outra liga. Alegando, justamente, que os vascaínos não possuíam um grande estádio. Na realidade, o ato era uma triste retaliação pelo fato do clube da cruz de malta se recusar a desligar de seus quadros jogadores negros e operários. Eis aí um autêntico e coerente pioneirismo, sem máculas, sem contradições. E sem demagogias (a Liga da Canela Preta que o diga...). Bom, mas este Vasco que nasceu no remo e virou grande na bola, das “camisas negras” e vencedoras, que bem nos recebeu e recebe, nos próximos dias completa 115 anos de existência. Que ao longo da competição possa se recuperar (desde que não sobre e nem a frente do Grêmio) para alegria do seu torcedor.




@JorgeBettiol








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