domingo, 28 de julho de 2013

INOLVIDABLE ... NÓS SOMOS CAMPEÕES DA AMÉRICA !



"La libertad, primero que la literatura" - Simon Bolivar

O acordo com ressalva de alerta foi para não nos atrasarmos. A partida dos coletivos necessitava obedecer  os ponteiros do relógio para chegarmos à República Oriental do Uruguay com tranquilidade e prudente antecedência. Partimos do pátio do Estádio Olímpico e, graças aos retardatários, com ausência de pontualidade. Mas, nada comprometedor. Só aumentou consideravelmente a nossa ansiedade. Uma gurizada, espinha na cara, forrada de casacos, mantas e gorros. Bandeiras tricolores enroladas no peito, outras tantas firmes nas mãos. Conferido o mate e o vinho, subimos a bordo das naus repletas de eixos e rodas. O destino sabido e a tarefa ressaltada: navegar pelo estuário do Rio da Prata, confirmar a descoberta gremista e conquistar de vez a porção meridional da América. Tremendo desafio compartilhado pelos mosqueteiros Beto Diniz, Sandro “Languiru” Sauer e Caio.

Percorridas doze congelantes e despertas horas desembarcamos na capital dos aurinegros e albos, na pátria celeste libertada pelos treinta y três orientales comandados por Juan Antonio Lavalleja. E com folga suficiente (generosa, proveitosa) para um suculento “milanesa con papas”, um barulhento bloqueio de via anunciando a presença azul, preta e branca (na inesperada e saudada companhia de hinchas do bolso) num dos cruzamentos da 18 de Julio, cantoria pelas galerias do centro e, normal, recebendo apoios e desaforos dos locais. No deslocamento ao majestoso Centenário, aí o cenário da recepção mudou de tom drasticamente: antes, durante e finalizada a peleja (no texto dos 25 anos desta mesma celebração, postado no Ducker, os detalhes). Dentro, naquela imponente obra charrua, milhares de carboneros alentando, um sistema de som convidando os manyas a viajarem a Porto Alegre para o segundo embate e tudo regado a copos de Pilsen e Coca-Cola. Fumaceira danada e não exalada por conta do preparo de choripans ou panchos.  

Encrenca porque neste período, amigo leitor, disputar a Libertadores era revisar na marra o tratado de Tordesilhas, a cada partida um bochincho dos brabos. Era enfrentamento com a vizinhança castelhana no lombo do cavalo, a coice, no facão e contando (vá lá...) com alguma jogada improvável e genial.  Era de uma natureza beligerante a toda prova. Uma guerra implacável, inclusive dentro do contexto de outras guerras (regimes militares no Cone Sul, Malvinas, La Plata, Estudiantes ...), de epopeias e dramas muito superiores aos gerados pela marca da cal na grande àrea e alguns minutos de acréscimo. Não tinha Mercosul, vivente. Nem Aladi, nem o tal de “fair-play”, nem dezenas de câmeras de televisão monitorando lances e reações, nem milhares de celulares e recursos para testemunhar em tempo real todos os acontecimentos, especialmente o tratamento fidalgo destinado aos visitantes. E nem espaço e cultura (aqui reiterando) para capitão de equipe campeã usar tiara, condicionador nas melenas e creme facial para erguer taça envolta em chuva de papel laminado. Outra época, senhoras e senhores. Definitivamente, sem frescura.  

Quando naquela madrugada saímos do entorno do espetacular estádio mundialista (com um empate suado e auspicioso), propriedade da Intendência de Montevideo,  ingressando novamente na caravela que integrava a frota tricolor tivemos a convicção de que o triunfo seria nosso. E assim rumamos de volta a querida e abençoada Província de São Pedro: com o sentimento da iminente vitória. Esta emocionante e gremista história de 1983, com sua grandiosidade merecedora de ser idolatrada por todos os tempos, teve o merecido e glorioso desfecho no 28/07 no Monumental e trepidante Olímpico. A inesquecível imagem do xerife, do caudilho de Rivera erguendo o troféu (emblema do sacrifício, do drama e da luta na obtenção desta proeza) heroicamente diante do povo tricolor exultante e agradecido e sendo aplaudido por Américo Vespúcio, Cristovão Colombo, Simon Bolívar e José Artigas, pulsará pela eternidade no coração dos gremistas. Está gravada na alma, não passará jamais. Nós somos Campeões da América ! Inolvidable ...

@JorgeBettiol

2 comentários:

LUIS CARLOS CAMARGO disse...

AMIGO BETTIOL LER A TUA COLUNA ME FEZ REVIVER A EMOÇÃO DA LIBERTADORES 1983 !!
FORTE ABRAÇO !!

Júlio Cézar (Cesinha) disse...

Chora coloradagem o Grêmio tem 30 anos de festa e vocês ganharam quando mesmo ???? GRÊÊÊÊMIIIIOOOO !!!!