Nesta gélida quarta-feira receberemos o time do pescado e sua artística história no complemento destes 180 minutos (e mais alguns acréscimos) de matar ou seguir imortal, de ir adiante ou ficar na saudade. É a Copa do Brasil, meu amigo. O torneio mais democrático, mais abrangente das terras cabralinas e no qual o tricolor da alma azul celeste é ponteiro no número de títulos e supera todos os demais no quesito aproveitamento. Disputa que não costuma perdoar vacilos qualificados o que impõem a Dida e a retaguarda gremista a tarefa de não deixar nenhuma sardinha enlatada ter sua noite de peixe predador. Na Vila Belmiro, é sabido, tivemos largo volume (não nas mesmas dimensões do gordo Walter, do Goiás), mas carecemos da efetividade necessária para meter a bola na rede do alvinegro praiano. O castigo todo mundo viu e restou a convicção de no retorno a capital dos Pampas devolvermos o resultado negativo, mas dilatando o escore. A equipe não deve sofrer alterações. É a mesma que no espaço de poucos dias passou de “inconfiável” (Vila Belmiro) para a de “um esquema de jogo consolidado” (Mané Garrincha), sendo Renato Portaluppi, o “motivador nato”, alçado a condição de “grande técnico” pelas figurinhas carimbadas (e credenciadas) de todo sempre. Sem novidades, não é vivente ? Bueno, agora é alentar para que o time que joga recuado e só dá balão tenha uma abençoada noite: nos seus volantes que chegam à frente, nos aguerridos avantes que marcam. Que sejam todos atentos e produtivos. Profícua seja à noite, de bom resultado, de graça alcançada. E que a massa gremista transforme o ar glacial em calor para ferver a peixada. A ponto da temperatura emanada fazer o trio lá de Caxias, escoltados pela Brasília das antigas reformada, pensar seriamente em levantar das cadeiras e buscar algum agasalho para seguir mateando ...
O vídeo que acompanha o post é uma preciosidade. Trata-se de um confronto do futebol lago do cisnes x futebol força, na jurássica Taça Brasil (disputado em janeiro de 1964, mas válido pela competição de 1963). Semifinal disputada no Pacaembu, sendo que no jogo de ida, Olímpico, surpreendidos pelas bailarinas perdemos por 3x1. No estádio paulistano, ninguém esperava nada do tricolor, a não ser que fosse derrotado e goleado facilmente pelos bicampeões mundiais. E assim tudo levava a crer quando abriram o placar com Pepe. Só que o Grêmio é o Grêmio, não adianta. Um certo Paulo Lumumba (falecido em 2010, chegou a trabalhar como auxiliar técnico do Felipão), figuraça, centroavante, marcou duas vezes e Marino, outra. Viramos para 3x1, infernizamos e poderíamos até ter ampliado. Tchê, a Nonna e o Nonno agarrados no rosário quase nem acreditavam no que ouviam ! Então, vieram as “ocorrências”: o apito amigo e companheiro ! Este mesmo infame que na atualidade trila com seguido entusiasmo a favor de Flamengo e Corinthians, na época também dava – sendo necessário - sua inestimável ajuda a merengada. Dois pênaltis a favor dos locais convertidos por Pelé (o sujeito que somente amordaçado seria um poeta) seguidos por outro tento santista deram números finais: 4x3. Ganharam. Mas, no afano. A curiosidade foi à ida de Pelé para o arco, improvisado de goleiro por míseros minutos, após a expulsão do Gilmar (43 do ST). A respeito do Grêmio, o jovem “Rei” (ainda não impregnado pelo festival de bobagens que pronunciaria durante toda vida) disse o seguinte: “eles jogam duro, mas são leais”. A respeito da partida, a melhor análise foi a de Carlos Froner: “O Grêmio não merecia perder. Esperava uma vitória, entretanto fatores estranhos influíram no resultado”. As imagens estão acima, ao som dos Beatles. Afinal, eram os anos sessenta. Anos de outras tantas estranhezas, questionamentos, barricadas e até revoluções ...
@JorgeBettiol
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